segunda-feira, setembro 19, 2005

Sofistas

Comecei a ler este fim-de-semana "O Mundo de Sofia", de Jostein Gaarder, um livro que fez sucesso pelo mundo inteiro. Eu adoro ler, mas, de facto, ainda não tinha tido coragem para pegar nele.
O capítulo que li ontem foi sobre os sofistas e Sócrates que viveram na Grécia Antiga. O autor tocava num ponto interessante: hoje em dia há muitos sofistas (e poucos filósofos).
Os sofistas eram aqueles que tinham a capacidade da retórica (arte de falar em público). Eram capazes de convencer as pessoas que a parede branca, era, de facto, preta. Achavam que eram os maiores do mundo, detentores da verdade, e que tudo sabiam. Muito ao contrário de Sócrates.
Portugal tem muitos sofistas...muitas pessoas que se acham uns cérebros e, invadidos pela arrogância, se sentem seres superiores. Houve uma altura em que isso me perturbou, mas depois de ler o capítulo de ontem apenas tenho pena dessas pessoas. São umas frustradas e só conseguem estarem bem olhando os outros de cima. Essas pessoas que acham que sabem tudo, estes fazedores de opinião que estão nos meios de comunicação, na escola e na política, de facto, não sabem nada das coisas. Pensam que sabem e daí acharem que ocupam um estatuto proeminente na sociedade. Deixai-os estar, pobres coitados. Vamos encontrar muitos ao longo da nossa vida.
Claro que há excepções...Lembro, com ternura e deslumbramento, o meu professor de Cultura Portuguesa. Ficava extasiada com as suas aulas dadas com tanto amor e dedicação. Era capaz de falar sobre tudo: desde a origem do universo até aos grandes cafés de Lisboa. Aquelas aulas eram uma delícia e ele incutia, em nós, o gosto por saber mais e mais. Ao mesmo tempo, humilde, transmitia a ideia que ainda tinha muito para aprender...Ah, e como eu adorava quando ele citava frases de grandes personalidades.
E termino o post com uma de Voltaire "Posso ser contra aquilo que tu dizes, mas lutarei até à morte para que o possas dizer".