sexta-feira, setembro 16, 2005

Statu Quo

Já há muito tempo que não escrevia por estas bandas, mas hoje deu-me uma vontade enorme de desabafar.
Esta semana recebi a última nota do meu curso. Tive 14 no estágio que fiz numa rádio de Portugal. Claro que podia ter tido uma nota pior, mas algo fez com que ficasse revoltada. Sempre me esforcei e trabalhei para alcançar os meus objectivos. Foi com base nessa postura que consegui ter boas notas em muitas cadeiras e ser a segunda melhor aluna do curso. Mas depois veio o estágio...
Estava com dúvidas do local que deveria escolher...Nem sabia se havia de ser rádio ou imprensa. Depois de ponderar o caso, acabei por escolher uma rádio devido à sua reputação e localização, até porque não ouvia falar muito bem do ambiente nos jornais. E foi aí que tudo começou.
Apesar de ter aprendido bastante lá na rádio, ainda bem que já chegou ao fim. Nem vou falar no horário que era péssimo. Nos primeiros dois meses acordava às 4 e meia da manhã para ir para a redacção e sentar-me à frente do computador. Não, nem era isso. O ambiente era mau e os colegas tratavam-me com desprezo ou, então, mostrando que estavam a fazer-me um favor por estar lá. Bem, no último mês as coisas melhoraram porque mudei para o turno da noite onde os colegas eram bem mais porreiros. De alguns sinto saudades...
O grande problema surgiu com o meu orientador de estágios que não orientava coisíssima nenhuma. Todos os estagiários que estavam lá achavam isso, mas quem falou fui eu. Lixei-me.
Tudo começou quando decidi mandar dois mails sobre comunicação para o pessoal da rádio, com a melhor das intenções.
Um dia, chego à redacção, e tenho um mail do tal orientador. Um mail que reprovava a minha conduta e tecia mais algumas críticas que já nem me lembro.
Irritada por estar a ser criticada, quando nunca fui informada que não era permitido mandar mails para o pessoal, respondi-lhe dizendo que a questão partia dele porque nunca nos tinha orientado como devia. E, claro, aproveitei para irritá-lo, acusando-o de censura.
Bem, o mail gerou uma enorme confusão. Ele chamou-me e começou a discutir comigo, vermelho como um tomate. Eu tentei manter a calma, mas claro que estava nervosa. No final da conversa, perguntei-lhe se ele me ia prejudicar na nota, ao que ele respondeu que não.
Mas as coisas não acabaram por aí. Depois veio falar comigo o meu orientador de estágio da universidade, acusando-me de imatura e que não devia ter feito nada daquilo. Ainda por cima, eu, que era uma das melhores alunas. No fundo, ele tinha era medo de perder aquela empresa como receptora de estagiários...Sim, porque eu era a única pessoa que criticava o local onde estava. Os outros que estavam comigo não diziam nada e o resto do pessoal que estava noutros meios de comunicação estava a gostar. Ok, a frustrada era eu.
O tempo passou e eu continuei lá na rádio, esforçando-me para arranjar trabalhos e sabendo que falavam mal de mim nas minhas costas. Não sei se também era por causa do mail, mas acima de tudo, era pelo facto de eu perguntar às pessoas se precisavam de ajuda e também por ficar na redacção até mais tarde. Houve vezes que fiquei desde as 6 da manhã às 6 da tarde na rádio. Chagava a casa completamente KO. Aliás, ao longo dos primeiros dois meses nem tinha vida própria porque quando chegava a casa era para dormir. Para completar o quadro, fazia trabalhos para jornalistas e eles em vez de pôrem o meu nome, colocavam apenas o nome deles! Claro que houve excepções, mas não há palavras...
Por fim, os três meses de estágio chegaram ao fim....Mas faltava a nota final. Nota essa que recebi na Terça-feira. E claro, já estava à espera, foi uma nota razoável. Razoável?!
Pois, pelo que eu percebi do que o orientador da universidade disse, quem tinha as notas mais baixas não devia escrever muito bem, o que era inaceitável para alunos de Comunicação. Isto porque tínhamos de entregar um relatório final.
Eu posso ser uma complexada, em relação a muitos aspectos, mas desde pequena que me dizem que escrevo bem. Até tive um professor na universidade que me escrevia isso nos testes! Vão-se catar!
É verdade que cada orientador dá notas diferentes o que, à partida, não é muito justo para os alunos. Estive a dar uma vista de olhos nas notas e elas até que são mais ou menos boas...Pelos vistos que é honesta é quem se lixa. Típico de um país com poucos anos de democracia. E o que mais me admira é que quem me lixou tem a idade daqueles que lutaram pelo derrube do regime.
O que é que uma pessoa conclui? Sê mosca morta, não levantes ondas, porque assim passas indiferente e ninguém te chateia.
O problema é que eu não sou assim. Talvez tenha que levar mais pontapés para mudar ou, quem sabe, nunca mude. O que importa é que seja fiel ao meu espírito porque esse, eles, não conseguem matar.