sexta-feira, setembro 16, 2005

Viva

Já estou em São Paulo (Brasil) há um mês e, o que é engraçado, não tenho saudades nenhumas de Portugal. Quer dizer, posso ter saudades de algumas pessoas, mas não é nada que uma pessoa não aguente.
De facto, aqui estou bem longe dos problemas que me perseguem no meu país. Para além disso, gosto muito mais dos brasileiros do que dos portugueses. Sim, esta é a minha verdade. É que eu ligo muito aos pequenos pormenores...
Costuma-se dizer que os portugueses são hospitaleiros. Até podem ser, mas para os de fora. Por exemplo, adoro tomar café, então chego a um, digo "bom dia" e peço uma bica. Como resposta tenho um bom dia dito entre os dentes, isto quando alguém responde, e um café dado com aquele ar que me fez um grande favor.
Aqui no Brasil, chego a um café e ou me dizem logo "bom dia" ou, quando eu digo, respondem-me com um sorriso. É formidável!
Aqui as pessoas estão sempre prontas para ajudarem os outros quebrando a solidão que, muitas vezes, invade cada um de nós. Conhece-se uma pessoa no ônibus ou no metrô, por exemplo, e começa-se a falar com ela, uma conversa gostosa que só faz bem ao espírito. Isso não acontece em Portugal, porque os lusos são bem mais desconfiados e introvertidos. Tudo bem, eu sou lusa, mas gosto de sentir esta energia maravilhosa do povo brasileiro!
No que diz respeito à cidade, por acaso, nunca fui de muita confusão, mas sinto-me feliz rodeada de prédios enormes e de inúmeros carros. Sinto-me leve, livre. Sinto-me bem!
Depois, o ambiente no jornal onde estou é muito bom, nem se compara com a rádio onde estagiei. As pessoas são muito queridas, simpáticas e prontas a ajudar. Apesar de eu ser bem mais fechada do que o típico brasileiro, não dá para não ficar contagiada com a energia deste povo!
No jornal, comecei por estar duas semanas na editoria Ilustrada (Cultura) e depois fui para o Quotidiano. Devo fica aqui até me ir embora. Aliás, era para ir para Portugal daqui a poucos dias, mas como estou a gostar tanto do trabalho, das pessoas e da cidade, pedi para ficar mais um tempinho. E consegui: vou ficar cá mais um mês.
No Quotidiano tem sido bem mais agitado do que na Ilustrada, apesar de ter gostado bastante da outra editoria. Mas aqui saio mais com os meus colegas e conheço melhor a relaidade brasileira. Estou inquieta é para que saiam artigos meus no jornal! :)
Por fim, estou a ficar, em São Paulo, num apartamento de duas meninas que são umas queridas. Vim para cá completamente à maluca, sem saber como elas eram e vice-versa, mas estou a gostar muito da companhia delas!
Ai, se eu pudesse, se eu tivesse mais coragem, ficava por cá! Quer dizer, tinha de ver se arranjava um emprego como jornalista e tal (algo que também tenho de fazer quando regressar a Portugal)...Começo a divagar, mas depois acordo e percebo que esta não é a minha realidade, por mais que eu queira que ela seja, visto que estou bastante decepcionada com algumas coisas que aconteceram no meu país.
Muita coisa pode acontecer de hoje em diante, mas esta experiência tem sido muito importante para mim, em termos profissionais e pessoais. Quando me for embora vou ter uma lágrima no canto do olho, mas por dentro estarei a transbordar de felicidade por Deus ter-me dado esta oportunidade, quem sabe, a oportunidade da minha vida! Sim, porque aqui sinto-me VIVA!