sexta-feira, julho 21, 2006

Chegada a Inglaterra

Em Abril deste ano parti para Inglaterra, mais propriamente para o College for International Co-operation and Development, em Hull (Nordeste do pais). E la que comeca a primeira parte do programa (GAIA program). Sao quatro meses a angariares dinheiro para pagares os estudos para seres voluntario/a. Para isso, tens de entregar panfletos de porta-em -porta (leafleting), mil por dia e quer faca chuva ou Sol, para recolha de roupa em segunda mao. Depois de teres o dinheiro necessario, vais para a Dinamarca ou a Noruega e passas la 6 meses a estudar e a fazer fundraising (pedir dinheiro nas ruas). Depois, chega a altura de ires para Africa ou India e trabalhares num projecto durante 6 meses. No final, tens 2 meses para partilhares a tua experiencia com outras pessoas.
Portanto, em Abril, deixei para tras familia, amigos e vida confortavel. Estava sozinha e sabia que ia entrar numa aventura.
De facto, a adrenalina comecou ainda em Portugal, mais precisamente no Porto, porque o aviao foi cancelado. Cheguei a Londres tardissimo e nao tinha comboio para ir para a escola. Por outras palavras, nao dormi nada para conseguir encontrar uma solucao para o meu problema. Por fim, o meu anjo da guarda viu que eu estava em apuros e acabei por conseguir apanhar um autocarro e depois um comboio. Quando cheguei a estacao ja estavam alguns colegas a minha espera. Beijinhos e abracos e vamos para a escola!
Uma hora depois, chegamos ao local que fica no meio do nada (antigamente a escola era um hospicio...) Os edificos sao velhos, mas o verde da relva e das arvores da uma outra luz aquele local.
Depois do carro estar estacionado, fui ate a sala de jantar para conhecer o resto das pessoas. Nessa altura sentia-me completamente a pairar...Ate que conheci uma Portuguesa 5 estrelas: a Estela. Veio ter comigo, toda sorridente, e indicou-me o quarto. E ela foi, durante 3 meses, uma grande amiga!
Cheguei ao quarto, pousei a bagagem e fui a procura da cozinha porque tinha de ir ajudar a fazer uns bolos. Como tenho um grande sentido de orientacao, acabei por me perder, mas acabei por encontrar...alguem especial! Era um alemao que estava a lavar um carro com mais uns rapazes. Perguntei-lhes se sabiam onde era a cozinha. O alemao dirige-se para mim e, com um grande sorriso, pergunta-me "You are Natacha, right?" Caiu-me tudo naquela altura...Bem, fiquei com o alemao na cabeca ate hoje, mas, mais tarde, volto a este tema.
Fiz leafleting e novas amizades,em Hull, especialmente com uma japonesa, a Keiko. Lembro-me perfeitamente das nossas conversas na carrinha quando estavamos a ir ou a voltar do trabalho. Agora ela esta quase a ir para Mocambique e e muto engracado falar com ela em Portugues!
Uma semana depois de ter chegado a Inglaterra, fui para uma nova escola-satelite (ha uma tambem em Stockton e outra em Newcastle), em Birmingham. Fim do capitulo.

quinta-feira, julho 20, 2006

Mudanca de Vida

Ja la vao varios meses desde que escrevi pela ultima vez neste blog. Nessa altura sentia que nao tinha vida ou que a vida que eu tinha nao valia a pena. Estava perdida neste planeta e precisava que alguem me desse a mao. Nao, penso que nao estou a dizer a verdade. Os meus pais tentaram ajudar-me e os meus amigos tambem. Eles deram-me a mao, mas, de alguma forma, nao era o suficiente. O que eu precisava realmente era de algo que me desse motivacao para viver. E esse algo apareceu num Sabado a noite...
Estava em casa dos meus pais. A minha mae tinha ido passar o fim-de-semana aos Acores porque tinha nascido o seu sobrinho-neto. O meu pai estava a dormir no sofa e eu decidi abrir o caderno de empregos do Expresso. Estava desempregada na altura e pensei que talvez, quem sabe, pudesse encontrar uma vaga para jornalista. Claro que nao havia nada relacionado com essa area. Contudo, li algo que despertou a minha atencao: "Precisam-se voluntarios para Mocambique/India". E a minha vida mudou a partir dessa noite...
Aquele anuncio foi a resposta para as minhas inquietacoes. Ate aquela altura sentia que era um fardo e que mais valia desaparecer. Contudo, ao ler aquelas palavras pensei: "em vez de estar sem fazer nada em casa, rodeada por maus pensamentos que so vao levar a minha destruicao, que tal ajudar os outros?" Claro que naquela altura nao estava a pensar em mudar o mundo, como tambem nao estou hoje. De facto, ja me sentiria realizada se pudesse colocar um sorriso na cara de uma crianca. Parece pouco, mas para mim e muito!
Bem, o que e facto e que comecei a contactar a organizacao e estava cada vez mais empolgada com a ideia. So que, entretanto, surgiu a oportunidade de ir trabalhar para Macau como jornalista. O meu coracao estava dividido, pois podia ser algo determinante para a minha carreira. Por isso, tentei perceber o que e que era realmente importante para mim naquela altura da minha vida e recusei a proposta de trabalho. Umas semanas depois, estava de partida para Inglaterra para a primeira parte do programa de voluntariado.